terça-feira, 1 de maio de 2012

Entrevista com Paulo Back - MSP Agosto 2012

Paulo Back
50 anos – trabalha na MSP desde 1994

O que você faz aqui na MSP?

Eu cheguei em 1994, época que os funcionários do estúdio só trabalhavam no prédio da MSP. Eu vim para fazer desenho, mas em uma conversa com o Mauricio, ele disse

que o meu negócio era fazer roteiro. Então, eu já tinha saído de Florianópolis para morar em São Paulo, mas achamos que para fazer roteiro não precisava estar no estúdio. Podia fazer de casa, biblioteca, de qualquer lugar! Mandava por fax e mantinha uma reunião uma vez por mês na MSP. Naquela época, eu era o único de fora de São Paulo. Mas hoje, a maioria dos roteiristas não trabalha na cidade. Temos roteiristas desde Porto Alegre até Manaus! Então, desde 94 eu faço roteiros. Além disso, já tive desenhos aproveitados para revistas e escrevo o texto das edições históricas. Aliás, essa coleção era um antigo sonho meu: ver as edições antigas republicadas. Então, fiz um blog comentando as várias revistas antigas que coleciono. Sei que o Mauricio viu e gostou. Logo depois, foram lançadas as caixas com a coleção histórica e o Mauricio veio falar comigo para criar os textos dessas edições, tarefa que acolhi com muito carinho. É um trabalho que faço com o Sidney Gusman, responsável pela montagem e a edição.

Dizem por aí que você é um beatlemaníaco. Você conseguiu trazer essa sua paixão para os quadrinhos alguma vez?

Sim, várias vezes! Mas quando eu cheguei, já havia outras histórias com a banda. Sempre houve uma espécie de “namorinho” da Turma da Mônica com os Beatles. E sempre que eu posso, coloco alguma referência. Não só a eles, mas a outros famosos também. Houve até um projeto para lançar os Beatles Kids, mas não foi para frente porque foi vetado por um (ou uma) dos quatro. Como também sou músico, é fácil escrever sobre isso.

Você acha que essa interação do mundo real com o quadrinho é legal?

Eu acho sensacional. No caso de uma história com a Rita Lee, por exemplo, abriu uma porta de contato com ela! E com o Michael Jackson, aconteceu algo interessante. No dia em que ele faleceu, eu decidi fazer uma historinha em homenagem. Ela se passa com a Turma do Penadinho, que está esperando o Rei do Pop no cemitério, mas ele acaba indo para o céu. Fiz em uma noite e já mandei para o Mauricio. Foi a primeira vez que ele divulgou uma história sem estar pronta. Ele publicou o roteiro no Twitter e bombou! Saiu na televisão, muitos sites compartilharam etc. Depois ela saiu no gibi, em um especial do Michael Jackson.
Outra história recente explorou a adoção de um vira-lata, que sensibilizou muita gente, e com isso, alguns cachorros foram adotados – só por isso, já valeu. Além dessas, para meu orgulho, algumas historinhas se tornaram clássicas, por exemplo, Amizade, que volta e meia rola pela internet via email, animações, .ppt, e por aí vai.

Como é o seu processo de criar um roteiro?

Quando eu entrei, pensei: “Nossa, isso vai durar um mês! Nunca vou ter ideia suficiente para fazer várias histórias em 30 dias!”. Bem que o Mauricio me disse: “Criatividade é como um poço cheio de água. Quanto mais água você tira, mais água vem. Se você para de tirar água, ele seca”. Claro, tem dias mais inspirados, outros menos... Mas você se senta e sai alguma coisa. Para me inspirar, leio outros gibis, lembro de experiências da infância ou me concentro em características dos personagens... Uma história dá corda para outra. Acho que o trabalho de um roteirista é ser apenas uma ponte entre o personagem e o papel. Quando uma historia é realmente boa, o personagem a faz, ele “sopra” a ideia no meu ouvido. O roteirista apenas faz a parte mecânica: escreve o que ele diz.

Você tem mais afinidade com alguma Turma?

Gosto de todos universos clássicos. E escrever histórias do Mingau, por exemplo, é muito fácil para mim, já que tenho gatinhos em casa. Penadinho é um universo que gosto muito também, porque você pode zoar mais: pode esticar, bater, um esquema voltado mais para desenho animado. Todos os personagens do Mauricio são baseados em lembranças dele. Desde o Bidu, que foi um cachorro que ele teve, até a Tina, que foi na época da adolescência dos filhos dele. Quando você entende essa relação e a personalidade de cada um, facilita muito. Eu faço uma história por dia, tenho que saber escrever para todas as turmas!

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